24 fevereiro, 2012

Orgulho nos meus compatriotas // Proud of my fellow countrymen

1. Esta noite, em conversa com um senhor finlandês que se encantou por Portugal, apercebi-me de quão extraordinariamente somos civilizados.
O tema foi a presença da troika em Portugal a tratar das nossas finanças. Senti-me na obrigação  de dizer ao senhor finlandês para informar os seus compatriotas finlandeses de que não somos os preguiçosos (ou pelo menos, nem todos) que eles criticam. O finlandês disse logo que de facto os portugueses não lhe pareceram nada o que se imagina por lá e que essa ideia tinha a ver com o crescimento de partidos de Direita no Parlamento finlandês. Até por que, dizia o senhor, parece que os gregos estão a reagir assim tão mal porque havia privilégios inacreditáveis como reformas post-mortem e daí a sua reacção irreflectida, violenta e destrutiva. "Ninguém gosta de ser despedido ou de ter de fazer cortes, mas há quem vá procurar soluções e há quem vá partir a fábrica... para serem todos despedidos! Parece-me que os Portugueses preferem ir procurar soluções e estão a fazê-lo." dizia o homem finlandês.

2. A propósito dos 25 anos da morte de Zeca Afonso, e depois da conversa com o senhor finlandês, tenho mais a certeza de que somos realmente TÃO civilizados: somos capazes de estar tão afogados como a Grécia (que sei eu de economia!) mas não acredito que alguma vez saiamos para a rua a partir tudo, a deitar fogo ao pouco que temos. Nem uma situação tão extrema, como foi a falta de liberdade e a dizimação de uma geração de homens na Guerra Colonial, foi capaz de enraivecer e toldar o nosso discernimento, não será agora que isso irá acontecer. Fomos capazes de fazer uma Revolução tendo como senha uma canção tão bonita e como senha de confirmação de que a fomos bem sucedidos outra canção ainda mais bonita e mais poderosa, de uma pessoa se arrepiar toda! Que canção! E ainda usámos como símbolo desta mudança tão importante uma flor! Mais pacíficos e civilizados não podemos ser!

Que orgulho isto me dá! De pertencer a um povo civilizado que faz revoluções com canções e flores. E mais orgulho vou ter quando conseguirmos superar estes dias difíceis sem nunca recorrermos à violência!

Em cada esquina, um amigo,

Em cada rosto, igualdade.

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